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Paiaço Mineirim
Eis o dia em que nasci:
mineirim... purim... Êta, Mulequim!
E foi assim. E assim fui indo...
A mãe, não conheci; o pai dava que dava em mim.
Foi tudo desse jeito, tudo meio assim:
‘cordava inda noite, ordenhar, dar de comer pros gado tudo,
Na boquinha dos bichim...
Dispois capinar, um tantinho pra comer
E o dia foi-se no cabo da foice.
Uai?! Era da roça, sô!
Só a idade pra me trazer o mar,
que era dia de feira,
dia de festa na ribeira,
cachaça, forrobodó e esteira.
Era só na função, sô!
Era mar de mardade...
Foi daí, daí sim, que conheci Lucimar,
Guiomar, Marluce, Marlene, Diadorim...
Muié macho que só!
Só que não era muié pra mim.
Diadorim era o mundo.
Por tudo era esse sertão, lonjura que não cabe em mim.
O tempo, de menino,
de um momento pro outro, não era mais não.
Era homi, naquele instante,
um momentim pra cuspir, pra acordar,
pra acreditar em mim:
Menino não era mais não!
Fugi.
Não tinha mãe, então, fugi...
Fugi com um circo de um palhaço doido.
Fiquei doído no chifre do touro,
Fiquei mangado com aquela graça...
Ganhei riso, ganhei choro, só ouro é que num vi.
O palhaço é o mar, o mar da mardade...
É encanto pras crianças, feitiço pras muiézada,
Que Deus, só de vingança, só de palhaçada
Tirou mãe, tirou remanso, tirou chance de dim-dim.
Palhaço é bicho ruim...
Palhaço e jagunço é tudo assim:
motivo de canção, de danação, de desafio,
Um mar de tristezas, desatinos,
Sem mãe pra aconchegar,
Sem eira pra cuidar, sem beira pra parar,
Tudo isso: circo, mãe e mar,
Me fez lembrar Diadorim.
Muié macho que só...
E foi de sangue esse pacto.
Por tudo esse mundão,
Eu sou ela, ela em mim,
Nessa lonjura que me acabo...
Sigo sem pouso e sozinho
Sem olhar pra trás, nem pro lado.
Sem mãe, sem circo,
mas sem ver o mar é que não paro:
Eu, Diadorim somo é do tipo macho!
E de cálculo com o diabo:
Já não era mãe, nem mar, nem circo,
E era difícil ver o céu tão limpo
O bolso sempre vazio.
Foi quebranto que me butaro!
O chuveirinho de prata, a lágrima do palhaço,
Foram ficando para trás, nas paragens do passado.
E ganhei a praça desse jeito assim:
Não é que o sinistro espreita?
De torto já num endireita,
Olhei no horizonte e vi:
Era tanto dos edifícios.
Onde moram os tipos ricos,
Que freqüentam os espetáculos...
Na febre do ouro eu fui:
Do alheio vendi bode,
Do amigo tumei dinheiro...
Se perguntou – como é que pode?
Isso também eu não ouvi.
Como já disse: antes – fugi.
De boléia, de carro, de ônibus e inté de carroça.
Num fiquei pra ver que fim, maldito fim,
Afinal teve aquela roça.
Meu fim, único fim, era ver o mar.
Mergulhar na cidade grande, nas paragens do litoral.
Êta, cidade-mar, sô!
Tão grande, tão grande...
Tão cheia de luzes, de edifícios, de postes
E tanta gente, gente pobre,
Que como pode também não tem fim.
E assim descobri que gente rica tem um lema:
Manda quem pode, obedece quem tem juízo
E quem não tem nada, nem isso,
Na vida só arruma problema.
Vive sempre escondido, catado pela polícia,
Numa vida de rapina,
Esquema que não cabe em mim.
Nunca fui de preguiça.
Fui pedreiro, fui ligeiro, fui esperto que não tem fim.
Dinheiro fiz e também perdi...
Isso, afinal, só pode ser sina...
Esse foi o mar, mar de pedras que escolhi,
Rua sem saída, sem sequer uma esquina,
Praga maldita em que me meti.
Um dia o circo passou...
E lembrando do menino,
Menino danado que um dia nasci,
Adentrei novamente o picadeiro,
Tão certo de que dinheiro não havia ali.
Esperto de que o circo era tudo...
Era mãe e era pai, pra quem nem tudo é dinheiro.
Era o teto, o limite, os aplausos prum mulequim mineiro.
Prum roceiro na cidade grande, tão grande,
Tão grande que não tem mais fim.
Meu mar era circo...
Era eu palhaço, no riso; no trapézio Jacira; na magia Soraia...
Era eu, Soraia e Jacira: palhaço das crianças, amante das artistas,
Tudo isso só pra mim.
O sorriso dos meninos,
Sempre guardado no peito.
Amamentado por Jacira, por Soraia...
Era tudo tão sertão, tão sertão e tão praia.
Era a vida...
A vida longe da morte,
Era a sorte de circo e saia,
A vida de um mineirim,
Palhaço, sorriso largo,
De colarinho um bocado folgado,
‘inda que um tanto chinfrim...
Êta marzão, sô!
Era mãe, mar e circo.
Tudo aquilo que eu quis pra mim!
.Ainda sobre o Dia das Crianças...
Quando tivemos nosso Terceiro encontro lancei uma nota sobre o São Cosme e Damião... que seria uma data mais democrática que o Dia das Crianças, quando só algumas ganham presentes. Maior coincidência, ouvi na rádio Band News o jornalista Boechat comentar sobre um texto da senhora Yvonne Bezerra de Mello. Senhora bonitona, dos mais finos tratos, não se perdeu não: resolveu ajudar as crianças, dessas que vivem pelas ruas. Apareceu muito na TV na época dos meninos da Candelária, antes da chacina. Hoje ela coordena o projeto Uerê, que ajuda muitas famílias e crianças. Pois saiu, em 7 de outubro de 2007, no caderno Opinião de O Globo uma matéria de sua autoria sobre o tema: Dia das crianças, me poupa!
Fui autorizado por ela para fazer este breve post. Se eu falei mal sobre o consumismo nesta data, vejam como ela termina seu enredo:
"Uma reflexão no porquê perdemos o nosso sentido de justiça, de ética, de moral. É triste constatar que aqui morrem mais jovens e crianças assassinadas em casa, no transito, nas ruas, mais do que nos paises em guerra. Todos os dias deveriam ser dia da criança mas já que existe um dia específico deveria ser um dia de reflexão para todas as famílias brasileiras e não só um dia onde o brinquedo é a parte mais importante."
fim
.
Presentes:
Neuza Nascimento, Alexandre Santos, Waldir Candido
Apresentação:
(postado por Alexandre Santos)
Waldir e Neuza ficaram tristes com a ausência do grupo. Alexandre chegou pra lá de 16 horas, com desculpas inaceitáveis. Abalou a moral. Recebemos também a triste notícia do falecimento da irmã de Feijah'N, motivo de sua ausência.
Oswaldo também fez seu bordão:
Estou no momento.
Me analisando.
Voltando para dentro do meu ser.
Estou cortando aparas, erros, injustiças.
Sou o ventre de mim.
Um feto em sintonia.
Sou origem natureza.
Terra virgem a espera.
Evolução do ser é certeza.
Oswaldo L. Rocha
Roda Literária:
Primeiramente, a única e mais importante colaboração literária se deu com um email lido por todos, uma bela slam-poetry de Feijah'N, uma homenagem à sua irmã:
Feijah'N Soul - email 18 out (19 horas atrás)
OLÁ AMIGOS,
PEÇO DESCULPAS POR MINHA AUXÊNCIA EM NOSSO ENCONTRO... ESTOU RESOLVENDO ASSUNTOS DOMÉSTICOS RELACIONADOS AO FALECIMENTO DE UM PARENTE (MINHA IRMÃ)... ESPERO EM BREVE ESTAR MAIS ALIVIADO DESSES TRANSTORNOS ATUAIS!
E VEJAM O QUE ESCREVI SOBRE ESSE MOMENTO...
*******
SEM MAIS
UM FORTE ABRAÇO A TODOS...
. Feijah'N Soul
Após este único momento poético voltamos nossa atenção a questão de organização. Estávamos devendo a postagem do release poético de Osvaldo, já postado acima. Ficou gracinha! Também temos recebidos alguns email's de poetas e literatos interessados, que ainda não respondemos. Já chegamos a um acordo sobre como tratar nossos mais recentes admiradores e entraremos em contato em breve. Neuza também entrará em contato com Delmo, que gentilmente disponibilizou sua mala direta para nos ajudar na divulgação. Lembramos: todos nós devemos conferir novidades no email: poesia contos e encontros, do Gmail. Ficou acertado, que após este momento inicial, cada membro participante de nossa confraria deve assinar sua própria publicação, procedimento a ser adotado como padrão. Precisamos ainda nos organizar para não ocorrer, como foi o convite de Juçara para o Concurso de Poesia do Centro de estudos e Aperfeiçoamento do Hospital dos Servidores do Estado - vacilamos e perdemos a data. Temos que estar de acordo para podermos realizar nossa primeira intervenção poética no Morro da Conceição. Sem organização nada vai para frente. Não definimos a data nem a participação nem o repertório. Fica a dica: escolham não apenas poesias ou contos pessoais, autorais, mas também algumas pérolas da literatura nacional, ou mesmo internacional. Vamos estimular leitores e escritores - nosso maior objetivo! Neuza também informa: teremos a oportunidade de nos apresentar em Santa Tereza, em um agradável barzinho. Aguardamos maiores detalhes sobre o local e seu promotor cultural, uma pessoa que ela disse que é super-gente.
(post de Alexandre Santos)
Dicas Quentes:
Neuza deverá receber o prêmio Concurso de Projetos Itaú/Unesco, agora nesta terça-feira 23 de outubro, às 19 horas no Museu Histórico Nacional, praça Marechal Âncora - Centro. Vamos torcer!
.
Seja bem-vindo!
Roda Literária:
Osvaldo Rocha apresentou duas de suas novas poesias. Também apresentou peças teatrais, apesar de ter ficado um pouco chateado com as críticas de Waldir Candido, que estava danado neste dia. Alexandre t
rouxe a poesia Pedreiro. Na foto: Osvaldo, Feijha'N, Neuza, Waldir e Alexandre. O grande destaque ficou para nosso novo amigo, Feijah, que trouxe o conceito de "slam-poetry", uma poesia um pouco cantada, que ele jura que não é hip hop. Apresentou uma que não guardei, mas sua segunda slam-poetry foi uma bela poesia de amor. Sua empolgação trouxe de volta ao grupo aquela vontade de ver nosso encontro mais cheio, o que levou a pensar-mos em um modo de divulgação e na organização de um evento literário ao ar livre, talvez por ali no entorno da praça Mauá. Neuza leu o texto "Um dos Meninos", Waldir Candido, grande Waldir, fez outra leitura de poesia, de uma livro que puxou da estante. Mas ganhou o dia, com um presente do Alexandre: Paiaço Mineirim. Uma bela poesia que fiz pensando em sua vida, mas principalmente numa definição sobre o palhaço com o artista popular, um capetinha que remete nossa mente aos folguedos dos dias do Santo-Reis, dos bate-bolas dos grandes centros urbanos.
Na foto: Waldir se emociona com o belo conto de Neuza.
Para ele o "palhaço é antes de mais nada um bom sacana".
Picante definição, seu Waldir!
Roda Literária:
Foram apresentados o texto da Neuza Nascimento"A Vingança da Mulata"; de Alexandre Santos, veio a poesia Ônibus; Waldir Candido fez a leitura dramatizada de Exortação e Memórias de Infância (Gustavo Castro e Silva e João Coutinho de Amorim, respectivamente, presentes no livro de Delmo da Fonseca); Delmo apresentou uma poesia inédita, que tirou de sua pasta e não me lembro o nome. Ficou uma proposta de Delmo, que se ofereceu para ajudar a publicar, mas ele não poderá comparecer a mais reuniões. Outra proposta veio à tona com um site, radio-poesia eu acho. A poesia recitada tem espaço neste pequeno fragmento da internet.
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Horário: Ter (19h) Qua (19h) Qui (22h) Sex (22h) Sáb (22h)
Couvert: R$12,00 - mas acho que aumentou... pruns 16 $ talvez...
Endereço: Rua Sacadura Cabral, 155 (Gamboa) 2516-0868 Rio de Janeiro, RJ
Terça: Roda de choro - Jaime Vignoli (cavaquinho), Eduardo Neves (sax e flauta), Rui Alvim (clarinete), Rogerio Caeteno (violão 7 cordas), Caio Marcio (violão) e Amoy Ribas (pandeiro).
Quartas: Roda de samba - Pedro Miranda (percussão e voz), Alfredo Del-Penho (violão e voz), Pedro Amorim (bandolim, cavaquinho e voz) e Amoy Ribas (percussão e voz).
Quintas: Luciano (voz e tamborim), André Pressão (percursão e voz), Clevison (cavaco e voz), Papal (pandeiro e voz), Ricardo Galhardo (violão) e Henry Lentino (bandolim).
Sextas: Gallotti (voz e cavaquinho), Marquinho Basílio (surdo), Paulinho Marques (violão) e Almir (pandeiro) e Eduardo Medrado (voz).
Sábados: Grupo Galocantô - Rodrigo Carvalho (voz e percussão), Pablo Amaral (cavaco e voz), Marcelo Correia (violão de 7), Pedro Arêas (percussão e voz), Lula Matos (percussão e voz) e Léo Costinha (surdo)